Quando mencionamos a palavra quimioterapia dentro do consultório, 95% dos tutores ficam estarrecidos, o medo toma conta, milhões de pensamentos invadem a cabeça e na grande maioria das vezes a afirmação "Ah, Dra., mas meu cãozinho ou gatinho está tão bem, se ele fizer quimioterapia vai ficar mal, debilitado e vai morrer." São muitas dúvidas, angústias, falta de informação ou informações erradas que levam a esse colapso.
É muito comum e eu atendo muitos tutores que já tiveram experiências muito próximas (com seres humanos) realizando quimioterapias, e muitos deles com parentesco bem próximo, como esposa, tio, prima, pai, filha do amigo ou até o próprio amigo e assim por diante. Só que essas experiências, na grande maioria das vezes, foram bem negativas, onde muitos (se não todos) morreram durante as sessões, e isso gera um impacto enorme na vida dessas pessoas, pois quando se deparam com o seu pet, amigo fiel, com o diagnóstico de câncer e que precisa realizar quimioterapia, é quase como se fosse uma sentença de morte para ele também, MAS NÃO É!
Cerca de 80% dos pets que necessitam de quimioterapia passam por essa fase de forma tranquila e em sua grande maioria não apresentam efeitos colaterais, ou pouquíssimos efeitos, os quais são facilmente controlados com a ajuda de fármacos específicos de curta duração. Cada paciente é único, assim como o tipo de câncer que ele estiver tratando também é. Então esse paciente precisa de um atendimento e protocolo individualizados, que tragam os melhores benefícios que ele possa ter.
Os tratamentos atuais, nos casos de câncer, visam à adoção de medidas terapêuticas, clínicas e cirúrgicas destinadas a manterem a qualidade de vida e bem-estar do pet, fazendo com que o tumor se mantenha sob estrito controle, principalmente quando a cura não é mais possível. Dessa forma, o Médico Veterinário Oncologista atua de forma para que esse paciente fique sob controle, para que o tumor se comporte como uma doença crônica qualquer.
TIPOS DE QUIMIOTERAPIAS EXISTENTES
Poliquimioterapia
Sua finalidade é reduzir os problemas de toxicidade e a resistência aos quimioterápicos. Essa modalidade utiliza a combinação de mais de um agente citotóxico. Os antineoplásicos a serem utilizados em conjunto devem apresentar um somatório de benefícios superiores quanto aos que apresentariam se fossem utilizados isoladamente.
Quimioterapia Curativa
É a modalidade escolhida para tratar tumores que apresentam boa resposta quimioterápica. Na medicina veterinária o tumor venéreo transmissível (TVT) é um exemplo de neoplasia que pode apresentar remissão completa somente com o uso de um único agente quimioterápico.
Quimioterapia Neoadjuvante
Chamada também de quimioterapia citorredutora, é utilizada na intenção de diminuir as dimensões do tumor antes de empregar a terapia-alvo, seja ela radioterapia, cirurgia, eletroquimioterapia ou outra. Essa modalidade permite aumentar as chances de remoção de um tumor por completo, principalmente nos casos em que os tumores são muito invasivos ou de grande extensão. É importante lembrar que nem todas as neoplasias respondem bem à quimioterapia neoadjuvante, então essa modalidade deve ser utilizada somente naquelas que são comprovadas a sua eficácia.
Quimioterapia Adjuvante
Após ser realizado o tratamento local preconizado para determinado tumor, essa modalidade entra com a finalidade de eliminar a doença microscópica ( que não enxergamos a olho nu) que porventura possa estar presente ainda após a cirurgia ou no controle e prevenção das metástases à distância. É muito utilizada naqueles pacientes que portavam tumores agressivos, que passaram por cirurgia de remoção e possuem altas taxas de metástases.
Quimioterapia Paliativa
Tem como principal objetivo o controle da progressão da doença e dos sinais clínicos, visando promover uma maior sobrevida com qualidade. É indicada quando os pacientes já se encontram em um estágio mais avançado da doença, onde uma terapia local, como a cirurgia, já não é a mais importante, pois raramente irá mudar o quadro geral daquele paciente.
Quimioterapia de Indução
É utilizada com o objetivo de destruir o maior número de células neoplásicas possíveis, através de protocolos quimioterápicos mais intensivos e com um intervalo de administração menor. As neoplasias mais abordadas com essa terapia são os linfomas, leucemias e mielomas múltiplos.
Quimioterapia de Manutenção
A intensidade do protocolo utilizado nessa fase é um pouco menor, pois o objetivo é manter a remissão da doença, a qual se conseguiu atingir no protocolo inicial de indução.
Quimioterapia de Resgate
É indicada quando inicialmente se conseguiu uma remissão da doença no protocolo de indução, mas que apresentou recidiva do quadro. Quando isso ocorre, preconiza-se o uso de quimioterápicos que não foram utilizados nos protocolos anteriores.
TASSIANE DE OLIVEIRA CANDIDO
Médica Veterinária com pós-graduação em Oncologia de Pequenos Animais. Especializada em Terapia Celular com Células Tronco. Coordenadora dos cursos de pós-graduação na Clínica Médica e Cirúrgica Qualittas Caxias. Membro da Associação Brasileira de Oncologia Veterinária (ABROVET) e da Associação dos Médicos Veterinários de Pequenos Animais da Serra Gaúcha (AMVEP). Voluntária do Grupo Veterinários de Rua (Médicos do Mundo) Caxias
WHATS APP (54) 9 9115.6453. - INSTA @oncoclinvetrs
Comentarios