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Foto do escritorRevista PetSerra

O CÂNCER em PETS


A relação das pessoas com os animais de companhia mudou muito com o passar dos anos. Hoje eles estão cada vez mais incluídos na estrutura familiar, sendo assim, quando vem o diagnóstico de uma neoplasia ou câncer, essa informação vem acompanhada de muita comoção pelos tutores desses animais. Muitos deles tiveram experiências pessoais com membros da família, amigos próximos ou consigo mesmo, e muitos enfrentam a doença lado a lado com o seu pet, ambos se confortam enquanto enfrentam essa batalha juntos.

Frente a um paciente com câncer, muitas abordagens errôneas, por vezes pessimistas devido à falta de conhecimento da área oncológica, podem reforçar receios sem fundamentos pré-existentes pelos tutores e transmitir sentimentos desnecessários de falta de esperança. O médico veterinário oncologista é o único que tem conhecimento amplo nessa área, e é ele quem deve demonstrar sempre muita sensibilidade, solidariedade e compaixão para buscar o melhor tratamento dentro dos recursos técnicos, farmacológicos e científicos disponíveis, avaliando sempre o nível de comprometimento do proprietário e sua conjuntura financeira, priorizando a qualidade de vida do paciente, que é o principal objetivo durante todo tratamento, seguido do aumento da sobrevida e intervalo livre da doença.


O tratamento oncológico é um conjunto. Ele vem evoluindo de forma significativa e desenvolvendo melhorias e novas tecnologias, que oferecem aos pacientes maior segurança, conforto, bem-estar, melhores respostas tumorais, fazendo com que aumente as taxas de cura e/ou sobrevida. Sem o acompanhamento individual, completo e humanizado, todos esses avanços não trariam melhores resultados. Por isso é bom reforçar que não existe receita de bolo no que diz respeito ao melhor tratamento para o paciente com câncer. Cada pet é único e existe um tipo de terapêutica e abordagem diferente para cada um deles.


Como se formam as Neoplasias

Vamos pensar que cada célula que forma o tecido é um tijolinho, como se fôssemos construir uma casa. Porém, algumas dessas células começam a crescer de forma irregular e desordenada, igual como se fôssemos erguer a parede de uma casa com muitos tijolinhos com tamanhos e formas diferentes, fica tudo irregular. É dessa maneira que se forma a neoplasia/tumor. Porém, essa neoplasia/tumor pode ser de origem benigna ou maligna e isso tudo vai depender de algumas características que vamos relacionar a seguir.


Neoplasias Benignas

As neoplasias de origem benigna possuem um crescimento lento, ordenado, limites definidos, podem ser bem vascularizadas, comprimindo tecidos vizinhos, porém não se infiltram. Mesmo sendo de origem benigna, podem gerar complicações, principalmente se estiverem localizadas em membros como plexo braquial, onde possuem grandes inervações, comprometendo a função motora dos mesmos. Então mesmo aparentando serem inofensivas, dependendo da localização, elas precisam ser removidas cirurgicamente.


Neoplasias Malignas

As neoplasias de origem maligna geralmente possuem crescimento rápido, desordenado, invasão local e em tecidos vizinhos. São localmente agressivas e podem gerar disseminação pelo organismo através de um processo que chamamos de metástase, onde uma nova massa tumoral surge, e isso ocorre através de vasos sanguíneos e vias linfáticas.


Neoplasias Benignas

• Crescimento lento • Crescimento ordenado

• Limites definidos • Podem ser vascularizadas

• Podem comprimir tecidosvizinhos

• Não são infiltrativas • Não fazem metástase


Neoplasias Malignas

• Crescimento rápido • Crescimento desordenado • Limites mal definidos • Muito vascularizadas

• Localmente agressivos • Invadem tecidos

vizinhos • Fazem metástase


Existe tratamento para Cães e Gatos com Câncer?

O tratamento para pacientes com câncer pode englobar várias formas, podendo incluir o uso de cirurgia, quimioterapia, radioterapia, eletroquimioterapia ou criocirurgia. Essas, por sua vez, podem ser utilizadas individualmente ou em associação entre si e também com terapias alternativas para se obter um melhor resultado final, vai depender de cada caso. Para a elaboração do tratamento oncológico, levamos sempre em consideração as condições clínicas e físicas do paciente, tipo de tumor, tamanho, localização e estágio da doença. Não podemos esquecer também das condições psicológicas e financeiras dos tutores.

A cirurgia tem por finalidade a remoção total ou parcial do tumor, bem como seus linfonodos sentinelas, para que se possa realizar o estadiamento tumoral daquele paciente de forma mais eficaz e completa.

A quimioterapia é um tratamento onde são utilizados medicamentos para combater tumores malignos tanto em humanos quanto em animais. Em sua maioria, os medicamentos são aplicados de forma intravenosa (na veia), podendo também ser administrados por via oral, intralesional, subcutânea, intramuscular e tópica. Para alguns tumores a quimioterapia passa a ser a melhor e mais eficaz forma de tratamento; para outros, ela age de maneira complementar após a cirurgia. Em outros casos, ela é utilizada para redução tumoral antes do procedimento cirúrgico e em outros casos ela oferece um tratamento apenas paliativo, para se obter uma melhor qualidade de vida.

A tecnologia avançada na área da medicina humana e veterinária, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, possibilita uma melhor localização dos tumores-alvos, permitindo que a radioterapia atue de forma efetiva no controle de uma variedade de neoplasias.

A combinação de quimioterapia sucedida de eletroporação é chamada de eletroquimioterapia, uma nova modalidade de terapia antitumoral. Essa técnica corresponde à aplicação de campos elétricos nas neoplasias, para potencializar o efeito de quimioterápicos aplicados de forma intravenosa ou local. A utilização de eletroquimioterapia em conjunto com a cirurgia oncológica de difícil planejamento ou de difícil obtenção de margens cirúrgicas (como em regiões da face, membros, cavidade oral, regiões inguinais, perianais, cabeça e pescoço) é uma alternativa promissora e com taxa de resposta técnica de 80%, para os mais diferentes tipos de neoplasias.

A criocirurgia é uma técnica onde se utiliza nitrogênio líquido a -196°, em lesões tanto benignas quanto malignas. O nitrogênio aplicado na região acometida causa a formação de cristais de gelo dentro das células, causando a sua ruptura e morte por necrose. Essa técnica possibilita o tratamento de tumores de pele e partes moles. Ela pode ser utilizada também de forma interna, em alguns órgãos abdominais. Embora seja de fácil execução, requer muita técnica, conhecimento e equipamentos apropriados. Dependendo do local de aplicação da criocirurgia e das condições clínicas do paciente, avalia-se a necessidade de anestesia geral ou somente uma anestesia local.


#Dica da Onco

Existe muito o que fazer pelos pacientes oncológicos, independente de qual estágio a doença esteja. Não temos o controle da vida, porém, podemos fazer com que ela seja muito mais leve e cheia de amor. Não deixem de tratar e proporcionar dias mais confortáveis a eles. Então não deixe de procurar um Médico Veterinário Oncologista, quanto mais cedo o problema for avaliado, maiores serão as chances de cura e sobrevida do paciente.


Tassiane de Oliveira Candido

Médica Veterinária com pós-graduação em Oncologia de Pequenos Animais. Especializada em Terapia Celular com Células Tronco. Coordenadora dos cursos de pós-graduação na Clínica Médica e Cirúrgica Qualittas Caxias. Membro da Associação Brasileira de Oncologia Veterinária (ABROVET). Membro e palestrante da Associação dos Médicos Veterinários de Pequenos Animais da Serra Gaúcha (AMVEP)


(54) 9 9115-6453




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